Tem de ser pela Graça!

Manoel dC

“E Se é pelas obras, já não é pela graça”.
Em outra versão: 

“Porque, se a escolha de Deus se baseasse no que as pessoas fazem então a sua graça não seria a verdadeira graça”.

Estava meditando nessa passagem de Paulo. Ela vem me incomodando durante muito tempo, ocupando muitas horas dos meus pensamentos. Porque se é assim tão cristalino como o texto indica, então a maioria de nós, infelizmente, está perdida e imersa numa nebulosa incompreensão do texto.

Porque o que vejo mais hoje no meio gospel é a pretensa anulação da obra definitiva da cruz pelo esforço de agradar a Deus por obras e feitos religiosos. Vejo e ouço falar desses “cristãos” que se perderam no emaranhado das regras, dos usos e costumes, fazendo do trabalho religioso moeda de troca e nessa barganha frustrada, buscam vantagens a qualquer preço, se matam por cargo, influência e prestígio, se envolvem em um ativismo viciante que os fazem cada vez mais cativos do legalismo mortal. São os que sobem e descem monte, fazem voto, vigília, jejum, “pagam” o dízimo, decoram textos enormes da Bíblia, oram, marcam ponto na igreja de manhã, de tarde e de noite, não com a intensão de buscar conhecer mais a Deus como bem maior e Sua Palavra como fonte de obediência e regra de vida prática, mas pelo lucro pessoal, pra se dar bem, para vencer batalhas espirituais e obter sucesso financeiro, quando não conseguem dominar nem a si mesmos e vencer suas próprias neuras e visões adoecidas.

Vejo sempre esses milhares de obreiros, pastores e igrejeiros viciados em obras, movidos à justiça própria. A cena se assemelha à dos tempos obscuros das penitências, das compras de bênçãos e indulgências, da venda de pedaços de terra no céu, das romarias extenuantes, do enclausuramento monástico que reduz e castra a liberdade, do paroquialismo exclusivista, da veneração das relíquias, do endeusamento do clero, da corrida por poder e influência, cenário bem característico da Idade das Trevas.

Tudo parece que é feito com base na graça, mas não é. É pelas obras, e se é pelas obras, deixou de ser graça há muito tempo, se tornou des-graça. Uma coisa ou outra, não dá para conciliar, pois uma rejeita a outra. Aos olhos de Deus, trabalho é ofensa, o descansar Nele, é graça.

Hoje em dia, quase ninguém mais espera e descansa em Deus O deixando agir, quase não há mais indivíduos, grupos ou comunidades que permanecem quietos deixando Deus ser Deus, quase ninguém mais se move sob a sombra da cruz e morre para si, agindo em e por Cristo, para a glória exclusiva de Deus, se doando em amor descomedido e por pura gratidão, servindo a causa do Reino, sem exigir nada em troca, e sem pretenção alguma. Apesar da formação dos grandes conglomerados da fé, e da inumerável multidão se confessa Jesus somente com os lábios, mas a vida demonstra justamente o contrário. Quase ninguém mais vem a Jesus para depositar o fardo e descansar Nele, antes, porém, tomam seus fardos de chumbo de volta e os agigantam tornando-os mais insuportáveis ainda, e a vida cristã, uma bigorna sobre os ombros.

Quase ninguém mais? Sim… Se não estiver sendo negativista em minha exposição, fora o remanescente fiel, a igreja verdadeira que se guarda impoluto diante desse quadro nefando, nesse “auê” todo que há por aí, há muita poeira levantada e pouca edificação sólida alicerçada na Rocha, há muita palha e madeira, e pouco ouro, prata e pedras preciosas.

Porque, se é assim, quando as obras dos homens forem passadas no teste do Fogo Revelador de Deus, tudo que foi feito em nome de si, motivado pelo egoísmo e orgulho, como serviço prestado à denominação, à instituição e a homens, será pulverizado, transformado em pó e cinzas. Somente as obras que foram feitas em Cristo e em seu nome, prevalecerão intactas, porém agora mais valiosas ainda, por serem aquilatadas pelo fogo de Deus.

OBRAS MERITÓRIAS, ESFORÇO HUMANO, RELIGIOSIDADE, LEGALISMO, ATIVISMO IGREJEIRO, SÃO TÃO LIXO E TÃO ABOMINÁVEIS A DEUS, QUANTO QUALQUER OUTRO PECADO QUE OFENDE E AFASTA DE SUA GRAÇA E DE SUA SANTIDADE.
Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2011/09/tem-de-ser-pela-graca.html#ixzz1ZLQBuxZc
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